POEMA-EX



As brumas,a paixão pela vida
e pelo mar (morte negra afogada em mim),
temperam meu esquecimento.
E quanto mais não sou história,
mais apareço.
E no fio do sangue da galinha d’angola
me reconheço,
me alimento,
me sexualiso.
Mulher de mulheres ancoradas.
Coragem não me diz nada.
Vida!
É essa que desmaia na sombra,
desmerece,desbota,
na água rala do canto do sonho seco.

“Sonhar não é viver”.
Insiste, vida!
Ela existe, em ti e nos outros.
Voa ,voa vida!
Ela sabe onde estás agora.
Permita, parta, divida:
Renuncie ao fel.
Viva o meu amor.
Viva, meu amor!
O balão não sabe onde ir,
a vida o leva no vento.
Eu sou o vento.